quarta-feira, 17 de outubro de 2012

texto de fundo de gaveta


Havia tempos que eu não passava por aquela rua onde eu sempre desviava os pensamentos na volta da aula, no cigarro ao anoitecer, nas madrugadas embriagadas. Algo me chamava a sempre passar pela mesma calçada, independente do levar dos dias - Levava-os arrastados, enroscados na roupa, as vezes grudados na sola do sapato -

Me tentavam os detalhes que passavam por mim.
- cheiros, flores e outras falas -

Pensava se as plantas que moí na palma das mãos um dia me perdoariam -
Pensava também se as vidas, as avenidas, as travessas que se cruzam teriam algum sentido no fim da rua.

(- Se você sumir, vou até o inferno atrás de você.
A mulher sussurrou irritada ao telefone)

Os móveis no meio da rua me desviaram meu desvio de razão.

 - todo dia assassino a razão -
 gritou meu fone de ouvido.

 Caminhar e caminhar, sem pensar que é bom:
pensa no branco, no azul, no celeste, na porta da geladeira aberta, imagine pular do espaço de paraquedas e nem precisar de capacete -

- Que cê você ta pensando?
- Eu nada.
- Não existe pensar em nada. Que que cê tava pensando?
- Não sei. Tava pensando e esqueci que penso.

Olha, como ta difícil chegar ao fim da rua sem alguma coisa que surpreenda o caminho, ou mude completamente a direção, devo lembra-los que não existem histórias boas ou clichês demais.

eu sigo, eu persigo.
procuro meu abrigo
e quando eu cortar a avenida
rezo pra que toda essa vida

não seja espera perdida,
seja livre pra andar.







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